Morre Lourenço, goleiro
que defendeu o penal do "Rei"
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Lourenço jogou 11 estaduais pelo Bento - Foto: Rede Social |
Redaçao /Esportivo Regional
ER Sorocaba - 12/ 07/2025
O futebol do interior está de luto! Morreu neste sábado, na cidade de Jundiaí, o goleiro Lourenço, que foi destaque no São Bento, no Paulista e em outras equipes do futebol paulista. Sebastião Luiz Lourenço tinha 84 anos. De acordo com a imprensa (G1), uma pneumonia teria agravado o estado de saúde do ex-goleiro, que morava na Vila Santana, em Jundiaí. Lourenço tinha duas filhas, em Jundiaí e Fortaleza.
Lourenço defendeu o São Bento, de Sorocaba, por uma década no total. Disputou 11 Campeonatos Paulistas da primeira divisão pela equipe de Sorocaba. Seu maior feito, no entanto, foi ter defendido um pênalti do Rei Pelé em plena Vila Belmiro, no dia 5 de maio de 1971 – marca que apenas outros dois arqueiros tiveram o privilégio de alcançar, segundo o site 3º Tempo. Lourenço vivia em Jundiaí desde 1978. Após a aposentadoria, chegou a disputar alguns campeonatos amadores e veteranos da região, além de dirigir equipes da várzea e a escolinha de futebol do clube Grêmio Recreativo Medeiro.
O pênalti cobrado pelo Rei – Segundo conta o site Terceiro Tempo, do jornalista Milton Neves: na ocasião de seu maior feito, o Santos vencia a partida contra o São Bento por 1 a 0 quando, aos 38 minutos do segundo tempo, Pelé foi derrubado dentro da área. O juiz apitou a penalidade. Na batida, o Rei deu a famosa "paradinha", mas Lourenço acertou o canto esquerdo e fez a defesa. O goleiro não conseguiu evitar a derrota de seu time, mas parou Pelé, que o cumprimentou após o lance.
"O Rei não bateu mal. Eu que tive a felicidade de acertar o lado. Ele deu aquela paradinha e esperei primeiro tocar na bola para pular no canto. Eu prensei a bola na trave com a ponta das luvas e consegui agarrá-la antes dela sair pra escanteio", disse Lourenço.
Para a imprensa local (Jornal Cruzeiro do Sul), o goleiro detalhou o lance histórico: "Naquele dia (na Vila Belmiro), a gente se preparou bastante. Naquela época, era muito difícil enfrentar o time do Santos. Era um time fantástico, o Pelé organizava tudo, fazia gols e tinha bons companheiros. O jogo foi se desenrolando e no segundo tempo, aos 32 minutos, saiu pênalti contra nós. A gente sabia que, se não estivéssemos bem preparados, iríamos tomar um monte de gols”, contou o ex-goleiro, que detalhou:
"Eu sou destro. Então pensei: vou cuidar do meu lado esquerdo. A maioria dos pênaltis que o vi bater era bem no chão, no canto direito. Ele jogava a bola no contrapé do goleiro. Isso a gente gravava. O Pelé deu a primeira paradinha, partiu, deu a segunda paradinha e bateu no chão, rente à grama. Consegui prensar a bola no pé da trave. Ela rodou e não voltou direto para ele, a bola ameaçava sair na linha de fundo. Aí me arrastei um pouco e peguei”, recordou o goleiro.
Do Paraná – Lourenço nasceu em 1941, na cidade de Jacarezinho, Paraná, e se criou na paulista Presidente Prudente, onde iniciou a carreira futebolística no Prudentina. Teve passagens também pelo Arapongas-PR, Paulista de Jundiaí e pendurou as chuteiras na Associação Atlética Alumínio, em 1977, aos 37 anos. Jogou 11 estaduais no Bentão.
Ainda ao site Terceiro Tempo, Lourenço se orgulha de ter sido contemporâneo de uma grande safra de goleiros. Jogou contra Emerson Leão, Félix, José Poy, Manga, Valdir de Moraes, entre outros grandes nomes. Nos tempos de São Bento, foi companheiro de craques como Marinho Peres, Luís Pereira, Aranha e Paraná, ponta-esquerda que serviu à Seleção Brasileira na Copa de 66, na Inglaterra.
Goleiro de 1m80 – O goleiro Lourenço era considerado bom pegador de pênaltis e tinha, na época, 1m80 – altura baixa para os goleiros de hoje, mas não para as décadas de 60 e 70. Segundo o site, tinha dificuldades de sair do gol em bolas cruzadas. O goleiro contou que, com a intensificação dos treinamentos, melhorou esse fundamento, e se orgulhava de jamais ter sido expulso de campo – mas nunca recebeu o troféu Belfort Duarte.
Homenageado – Lourenço jogou no Paulista de 1965 a 1966, e fez 27 partidas no Galo do Japi, com 12 vitórias, seis empates e nove derrotas. Em 2023, foi homenageado pela Prefeitura de Jundiaí.
Bento homenageia – Em uma nota na sua rede social, o EC São Bento homenageou o ex-goleiro:
"O Esporte Clube São Bento vem a público manifestar as condolências pela partida de um nome que marcou época vestindo nossa camisa: Sr. Sebastião Luiz Lourenço.
Seu Lourenço foi nosso guarda-metas entre os anos 60 e 70, ficando eternizado nos registros históricos de nosso clube após defender um pênalti batido por Pelé (que perdeu apenas três pênaltis em toda a carreira... sendo esse, um deles). Suas colaborações pelo Azulão Sorocabano estão eternizadas em nossa memória. Obrigado por tudo e que Deus o tenha."
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