Posted by Portal Esportivo Sorocaba
O europeu termina de formar nossos craques
Muita gente aqui no Brasil está estupefata porque Vinícius Júnior não está tendo muitas chances no Real Madrid. Parece algo surpreendente para muitos o fato de um jogador arrebentar no futebol brasileiro, mas não jogar de cara na Europa. É claro que cada caso é um caso, porém temos observado uma predominância de saída de jogadores cada vez mais jovens do Brasil para o futebol europeu. E isso não é por acaso. Tem uma explicação.
Nosso processo de formação de jogadores tem sérias deficiências. E aqui não me refiro aos profissionais, até porque há muita gente qualificada nos departamentos amadores dos clubes brasileiros. Me refiro ao processo mesmo, de finalizar a lapidação de um talento.
Quer um exemplo? Um jogador faz dez gols no time sub-17 e é alçado ao sub-20. Alí, ele tem um ótimo desempenho também. Claro, vai para o profissional. Chega lá, esse jovem jogador deixa de apresentar evolução, primeiro porque não se treina nem muito e nem como se deveria. Segundo, porque de uma maneira geral os técnicos do profissional não estão preocupados em melhorar, desenvolver o jogador: extraem o que ele tem de melhor e pouco se olha para as deficiências. Soma-se a isso, o fato de esse jovem jogador jogar apenas (quando joga) apenas alguns minutos, entrando no final das partidas. Sendo que ele se ele estivesse no sub-20, estaria jogando 180 minutos por semana, sendo decisivo, aprendendo novos conteúdos na base. Ou seja, o processoe de formação estaria sendo respeitado.
O europeu quer ele mesmo terminar de construir os bons talentos brasileiros. Vários jogadores com mais de vinte anos chegavam na Europa sem condições técnicas, tática, físicas e até cognitivas de jogar em alto nível. Sem falar na questão da adaptação a uma nova cultura, novo idioma, novo clima. Ao vir buscar um diamante bruto de 17, 18, 19 anos, os grandes clubes mundial
O paliativo Jair Ventura no Corinthians
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Não sou contra demissão de técnico de futebol. O que sou contra é a análise pobre e rasa de trabalhos e a interrupção de processos sem o conhecimento necessário para tal avaliação. E aqui no Brasil isso acontece muito: dirigentes estatutários que pouco sabem de metodologia de treinamento, de conceitos táticos operacionais e até mesmo de gestão de pessoas descontinuando trabalhos com uma justificativa que quase sempre é carregada de uma imensa falta de conhecimento: "precisamos dar uma resposta para a torcida". Ou tem aquele outro argumento: "precisamos de um fato novo". Balela...
O que aconteceu agora no Corinthians foi uma junção de erros administrativos e técnicos. Evidente que o trabalho de Osmar Loss não foi bom. Ele, que nas categorias de base, sempre foi vitorioso e conhecido por armar sólidas defesas e rápidos ataques não conseguiu dar solidez a equipe.
Loss sofreu naturalmente comparações e mais comparações com Fábio Carille. Porém o contexto de quando ambos assumiram eram completamente diferentes. Carille chegou após as frustrantes passagens de Cristovão Borges e Osvaldo Oliveira e com um elenco apontado por todos como a quarta força de São Paulo. E bem ou mal ele ainda teve uma pré-temporada para trabalhar. Já Osmar Loss assumiu de supetão: foi informado que seria o técnico do profissional em uma terça-feira, concedeu entrevista coletiva na quarta e na quinta já dirigiu o time. E se Carille teve perdas no elenco apenas na passagem de 2017 para 2018, Loss enfrentou saídas em meio a disputa de campeonatos.
Fiz questão de pontuar todo esse cenário para só assim poder falar de Jair Ventura. E para a alegria do corintiano acredito que como uma situação emergencial Jair pode dar exatamente o que o clube precisa neste momento. Jair tem dois trabalhos como técnico profissional: um excelente no Botafogo e outro muito fraco no Santos. E o contexto que ele terá hoje no Timão se assemelha muito mais com o que ele enfrentou no Botafogo do que ele teve no Peixe; no Santos, ele era obrigado pelo 'DNA ofensivo' que a história do clube carrega a propor o jogo em pelo menos todos as partidas como mandante. É inadmissível para o santista ver sua equipe jogando no contra-ataque na Vila Belmiro. Mas no Botafogo, sem dinheiro, sem estrutura, com jogadores limitados e com o fantasma do rebaixamento sempre rondando era totalmente coerente e até óbvio ter um modelo de jogo que privilegiasse a organização defensiva e que o jeito de atacar fosse mais direto e vertical do que apoiado e construído.
No Corinthians atual, Jair poderá repetir o que ele fez de melhor até aqui na carreira. O corintiano espera ver o quanto antes uma defesa mais organizada, nem que marque de maneira individual, que é mais simples do que marcar por zona. O ataque direito, com poucos toques até chegar ao gol adversário, também será bem aceito.Ou seja, Jair Ventura poderá ser em Itaquera a sua melhor versão. No curto prazo, sua chegada tem tudo para ser eficaz. Entretanto quando for solicitado um jogo mais elaborado e mais sofisticado, a longo prazo, Jair ainda não mostrou se também pode ser o profissional ideal.
Marcel Capretz - É apresentador do SBT - Futebol Esporte Show e da rádio 105 FM. Já passou pela TV Gazeta, TV Bané d Campinas, Folha de São Paulo Online e LANCE! Jornalista formado pela Univerdade Mackenzie e pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero, além de radialista profissional.