Gestor e médico do rubronegro falam
de medidas de prevenção ao Covid-19
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Ituano: protocolo anti-covid com bons resultados (Divulgação/IFC) |
Texto - Rivail Oliveira
Ainda esperando uma definição de quando voltará a jogar pelo Paulistao, devido a paralisação em virtude das medidas do Plano de Contingência do Governo do Estado de São Paulo contra o avanço da pandemia do Covid-19, o gestor Paulo Silvestri e o médico Alexandre Santoro, do Ituano, falaram nesta semana das medidas de prevenção dentro do clube.
Eles avaliaram as situações de 2020 e 2021: “Temos uma situação atual um pouco diferente de 2020. Há um ano os clubes que estavam disputando o Paulistão naquela época, se reuniram e decidiram de forma voluntária pela paralisação do campeonato. E voltamos a jogar somente 4 meses depois. Desta vez fomos surpreendidos" disse Silvestri.
"Apesar de ter implementado o protocolo muito bem estruturado, com muita cautela e com todo o conhecimento da área médica, recebemos uma proibição de jogar no Estado de São Paulo. Isto nos entristeceu. Porque nós da Série A1 entendemos que a nossa história durante esta fase de pandemia foi positiva. Através dos rígidos protocolos de saúde mantivemos a nossa situação sob controle", destacou o gestor
" Temos a resposta dos médicos que nossa forma de agir com as testagens semanais em atletas, comissão técnica, funcionários e staff dos clubes gerou um ambiente seguro para os treinos e para a prática do futebol. Então ficamos chateados porque não tivemos este reconhecimento do poder público. Obviamente temos que acatar” explicou Silvestri.
Protocolo
Segundo o Ituano, no retorno do futebol no ano passado foi instalado um protocolo de comportamento. “O protocolo de prevenção ao Covid foi desenvolvido por várias mãos com uma grande ajuda do comitê médico da Federação Paulista e participações de vários colegas do futebol paulista. Eu particularmente tive a ajuda do infectologista Sérgio Cimerman do Emílio Ribas. Trocamos várias ideias sobre o assunto” explicou Santoro, médico do clube há 20 anos, que segue na análise:
“A diretoria fez um investimento importante contratando vários profissionais para nos atender. São seguranças e auxiliares de enfermagem que estão o tempo todo aqui. Todo funcionário que chega é medida sua temperatura, responde um questionário se teve alguma alteração significativa no seu corpo. Também existe um aplicativo para os funcionários da sede e do estádio com alguns questionamentos e informações de segurança. O mais importante que devo ressaltar não é o protocolo em si", salientou Santoro
Participação de todos
Santoro segue em sua explicação: " Mas o comprometimento que todos temos com o que foi estabelecido. Não adianta nada você ter um bom protocolo se não temos a colaboração de todos. Desde o ano passado a equipe que estava aqui no Brasileiro, a equipe atual do Campeonato Paulista, é muito solicita e colaborativa com os nossos pedidos. Fazemos semanalmente algumas reuniões com vários setores. Quando viajamos por causa dos jogos, entro antes de todos nos quartos para fazermos uma pulverização com álcool 70º em travesseiros, camas e maçanetas. Ajudamos todos os atletas e com seus familiares para que eles se sentissem confortáveis em avisar se tiverem um ou outro problema”, comenta o médico.
Testes semanais
De acordo com o Galo de Itum desde junho do ano passado foram realizados testes semanalmente. São 36 testes neste período. “Fazemos a programação prévia antes dos jogos. Testamos todos os atletas, comissão técnica e fazemos também um rodízio com o pessoal do escritório. Assim todos se sentem amparados e possam ter maior tranquilidade trabalho” reitera Alexandre Santoro.
O médico destaca outro item do protocolo do Ituano. “Outro investimento muito importante feito aqui é a casa Covid. Este abraçar do protocolo por todos tivemos poucos casos. Nesta casa, se o indivíduo testou positivo, ou tem suspeita, ele vai para esta casa e fica sendo monitorado. Recebe alimentação e suplementação necessária diária, além da visita de um técnico de enfermagem três vezes ao dia. Ele vai buscar os parâmetros de controle médico e temperatura, tanto na parte física como na parte psicológica que ajuda bastante neste momento difícil. É um momento muito difícil para todos. No mundo e principalmente agora no Brasil” explica Santoro.
Baixa taxa de infecção
Segundo o clube com essas medidas, o resultado é baixíssima taxa de infecção“: A condição que o clube está oferecendo é fundamental. Tivemos situações durante o Campeonato Brasileiro que viajamos para uma cidade que estava numa situação pior que nossa, numa zona vermelha, nos reunimos e decidimos ficarmos em outra cidade próxima. Isto claro trouxe um aumento do custo para a diretoria. São custos que normalmente o futebol não tem e a diretoria tem oferecido esta segurança para todos. O resultado é baixíssima taxa de infecção”, destaca Santoro.
Experiência positiva
Por fim segundo o Ituano, a consequência deste trabalho de prevenção foi muito satisfatória. “Nossa experiência foi muito positiva. Desde que instalamos o nosso protocolo apresentamos para todos e exigimos que cada um assinasse o documento, se comprometendo a segui-lo. Como fazemos com o nosso código de conduta e comportamento dentro do clube. E foi levado muito a sério desde o início, quando voltamos aos treinamentos no ano passado", pondera.
"Quando recebemos alguma ideia nova, ou sugestão da própria Federação Paulista ou CBF incorporamos ao protocolo. O objetivo é sempre aprimorar. O protocolo é dinâmico, mas a base sempre será a mesma, com disciplina de quem participa. Cabe ao clube colocar as regras e a infraestrutura para que sejam cumpridas. Principalmente para que todos os participantes entendam a importância desta proteção. O ponto muito importante é o fator educacional. Entregamos a todos muita informação através de panfletos e propagandas. Os atletas levam este conhecimento para casa e compartilham com suas famílias. Como coisas básicas, o uso de máscara e higienização com álcool em gel” conclui Silvestri.
Durante este ano de pandemia, onde o futebol parou por 4 meses em 2020, grande parte do custo foi bancado pelos clubes. “Logo no começo tivemos o custo da paralisação do futebol que durou 4 meses. Foi muito dramático para nós. Pois ninguém sabia quando iria retornar. Mantivemos o elenco recebendo, funcionários e colaboradores recebendo. Os atletas treinaram a distância. Depois veio o custo da adaptação ao protocolo de segurança e saúde. Temos segurança no estádio, coordenadores que orientam as áreas que os atletas podem frequentar e as áreas restritas. Além disso, a conta da testagem semanal neste ano está com os clubes. É uma conta pesada. Temos que continuar fazendo. Óbvio que tudo isso não estava no orçamento. Ainda temos uma casa como contingência caso de suspeita ou confirmação de positivo para não ter que sair correndo atrás de um local. Temos o plano total. Felizmente foi pouco utilizado. Contra um inimigo invisível como esse o segredo é nunca baixar a guarda. Quando você entrar no Ituano hoje, é muito parecido com maio e junho do ano passado. Com todos os devidos cuidados. Aqui não tem visita, aqui não vem familiares, não recebemos agentes de futebol. Só vem ao Ituano quem tem algo para fazer, que esteja trabalhando no clube” justificou Paulo Silvestri.
Os números da tragédia da pandemia aumentaram muito desde janeiro. O futebol não está a margem desta triste situação. Mas sua estrutura protege muitas famílias enquanto os campeonatos estiverem em andamento “Importante frisar que temos um sentimento muito grande pela tragédia que esta abatendo o mundo e principalmente no nosso País. O número de pessoas internadas, e principalmente de óbito é assustador. Todos nós estamos afetados. Todo mundo conhece alguém que foi afetado pela perda de alguém próximo. Isto vai marcar nossa geração para sempre. Vamos entrar na história da humanidade pela tragédia do Covid. Sabemos disso. Mas o futebol fez a nossa parte. É injusto não nos permitirem continuar com a nossa atividade. Uma atividade que é apreciada pela imensa maioria de brasileiros que sentem falta do futebol na televisão. Somos praticamente a única atividade que não mudou em nada desde o início. Todas as atividades econômicas puderam abrir e receber público. Os shoppings, as lojas, os restaurantes e bares. Praticamente todas. No futebol não recebemos ninguém. Não voltou público. Fomos rígidos com o protocolo implementado. Por isso pedimos o reconhecimento do poder público para que o futebol desta forma está funcionando e que possa retornar. Tanto no Estado de São Paulo como no restante do Brasil. A paralisação além do dia 30 de março será uma nuvem negra terrível que não pode se materializar. As consequências para os milhares de pessoas que dependem do futebol serão dramáticas. Estamos preparados para retornar a partir do dia 31 de março e contamos sim com a liberação do poder público porque fizemos por merecer” finalizou o gestor do It