Posted by Portal Esportivo Sorocaba
Update at quinta-feira, 5 de outubro de 2017
Cadê nossa identidade?!

O futebol brasileiro se caracterizou por jogar ofensivamente. Pra
frente! Buscando o gol. Buscando jogar bem e com beleza estética e
técnica na execução dos movimentos. A eficiência de Pelé, a destreza de
Garrincha, o fenômeno de Ronaldo, a genialidade de Ronaldinho Gaúcho.
Isso fez o mundo do futebol reverenciar quem vestia a camisa canarinho.
Se criamos esse conceito de jogo admirado por todos, por que nossos
times atualmente não gostam de ter a posse de bola? Por que temos mais
defesas sólidas do que ataques estruturados e envolventes? Em meu ponto
de vista, amigo, passamos por uma grave crise de identidade.
Há vários estudiosos do nosso futebol argumentando sobre a
relatividade de ter ou não a posse de bola em função do placar do jogo. É
óbvio que quanto maior a posse maior a chance de marcar um gol. Mas
quando um gol acontece qual a postura dos nossos times? Se retrair, dar a
bola para o adversário. Desculpe, mas não é isso que prega, ou que
sempre pregou, nossa cultura.
Ou até mesmo Pep Guardiola, que inúmeras
vezes disse que inspirou seu modelo de jogo nos picos de performance que
a seleção brasileira teve. Os times de Guardiola marcam um gol e
continuam tendo a posse de bola. Continuam agredindo o oponente. Fazem
um, mas querem marcar mais gols, quantos forem possíveis. Porque isso
está no modelo de jogo, na estratégia, na mentalidade.
Por outro lado, nossas equipes quando marcam um gol se fecham
porque tem medo de tomar o empate. Não entendem que o melhor jeito de
confirmar a vitória não é se defendendo após estar em vantagem e sim
marcando mais gols para ampliar essa superioridade no placar e assim
aniquilar de vez o adversário.
Entendo o ambiente de instabilidade dos técnicos brasileiros, a
suposta falta de talento nas categorias de base, já que nosso futebol de
rua e tudo de bom que ele traz para a formação motora e técnica dos
jogadores, caiu drasticamente, mas falo aqui de ideias de jogo, de
mentalidade protagonista, de seguir o que nossa tradição manda. Até
porque instabilidade por instabilidade, Carlos Ancelotti foi demitido do
Bayern de Munique nesse início de temporada européia.
É mais fácil destruir do que construir. É mais fácil criar
sub-princípios defensivos como compactação, cobertura, recuperação,
retardamento, do que sub-princípios ofensivos como amplitude,
mobilidade, ultrapassagem, profundidade. Pensamos aqui que na frente o
craque resolve. O talento decid. Não precisamos de organização ofensiva,
treinamentos, etc. Ok. Com esse pensamento, temos que nos contentar com
a qualidade ofensiva dos jogos do Brasileirão. Você está satisfeito? Eu
não!
*
Marcel Capretz - É apresentador do SBT - Futebol Esporte Show e da
rádio 105 FM. Já passou pela TV Gazeta, TV Bané d Campinas, Folha de São
Paulo Online e LANCE! Jornalista formado pela Univerdade Mackenzie e
pós-graduado pela Fundação Cásper Líbero, além de radialista
profissional.