ULTIMA VITÓRIA CONTRA O "M1TO"
Técnico de 2006 fala do jogo
e do duelo deste sábado
Comentarista de uma rádio de Sorocaba, hoje, Abelha em
2006, salvou o Bentão do rebaixamento e
fala de vários temas em entrevista para o Esportivo e para o site Futebol Interior, de Campinas
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Abelha na época que era goleiro do EC São Bento |
Rivail de Oliveira/Esportivo SP
Neste sábado, 9 de junho ás
16h30, em Sorocaba, o São Bento enfrenta o Fortaleza pelo Campeonato Brasileiro
da Série B de 2018. Será o quarto duelo do time azul contra o ex-goleiro e
atual treinador Rogério Ceni. E a última vitória dos sorocabanos contra o “M1to”,
ocorreu justamente há doze anos atrás, em 2006 pelo Campeonato Paulista no
mesmo CIC, 2 a 0, gols de André Leonel e Celsinho, diante do forte São Paulo de
Muricy Ramalho. E o treinador do São Bento na época era o araraquarense João
Batista Lopes Abelha, Abelha. Ex-goleiro
do Azulão, São Paulo, Flamengo, passagem pelo futebol japonês, e hoje
comentarista de uma emissora de rádio de Sorocaba (Ipanema FM).
Abelha foi goleiro e treinador do Bentão e concedeu uma entrevista ao Esportivo SP e ao site Futebol Interior,
onde falou daquele jogo, das dificuldades que enfrentou na época. Abelha traçou
um paralelo do Azulão de 2006 e 2018, dos novos tempos do clube sorocabano,
comentou a carreira de Rogério Ceni e falou do
jogo deste sábado em Sorocaba. Hoje com 60 anos, Abelha destacou como a
volta ao futebol, desta feita à imprensa esportiva, o tem ajudado a superar uma
tragédia familiar (a perda da esposa há
algum tempo atrás). Confira a entrevista na íntegra:
FI - Qual é a lembrança que você tem daquela
vitória contra o São Paulo de Rogério Ceni de 2006?
Abelha – Lembro que a situação do
São Bento era difícil na época e nós assumimos o clube num quadro complicado
correndo risco serio de rebaixamento, com muita pressão e precisávamos de um
time muito bem montado contra um ótimo São Paulo que naquela semana disputava
também a Libertadores e havia a dúvida se eles jogariam com o time reserva ou não.
E na hora o Muricy resolveu colocar o que tinha de melhor, o que valorizou
muito nossa vitória. Fizemos um grande jogo, realizamos mudanças, período que
ainda podíamos contratar e fizemos três ou quatro para dar um equilíbrio técnico
e tático para o time. Fizemos um jogo de
igual para igual com o São Paulo e buscamos se impor e correr riscos. Para
aquele jogo treinamos das duas formas, como se fosse o titular e o reserva deles.
Fizemos uma zero com Leonel e depois
eles vieram para cima e no segundo marcamos com Celsinho no contra-golpe. Não
esquecemos de atuar com inteligência marcando os pontos fortes deles, sem
esquecer de jogar com a posse de bola.
FI - Como foi enfrentar naquele dia um Muricy e
também um Rogério Ceni, mais tarde consagrados como grandes nomes do São Paulo
e do Brasil?
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Abelha na época que era treinador do São Bento |
Abelha – O Muricy sempre foi um
grande treinador e comandava uma grande equipe, que tinha muito mais qualidade
que o atual (São Paulo). Vivíamos uma incerteza naquele tempo e era um desafio
mas valeu a postura do time e forma com que os jogadores aceitaram nossa forma
de trabalhar. E era muito difícil jogar contra um time bem comandado, dirigido
e campeão várias vezes. Foi um desafio enorme para nós e uma tarde muito feliz
para o torcedor do São Bento com alegria estampada em cada um depois. Depois
daquele jogo tivemos a certeza que sairíamos daquela situação (risco de cair).
As carreiras do Muricy e Rogério Ceni dispensam comentários. Dois nomes que marcaram
a história do São Paulo que tinha um grande time, mas conseguimos um grande
resultado.
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Ex-jogador, e treinador, Abelha diz que gostaria de
voltar ao futebol mas na base |
FI -Você salvou
o São Bento de 2006 do rebaixamento, e foi chamado na última hora em 2007
para tentar novo “milagre”...
Abelha – Em 2006 tivemos assumimos o time depois de dois jogos,
e fizemos mudanças dispensando de seis a oito jogadores e contratando quatro
peças pontuais para dar consistência ao time (Marco Aurélio, Evandro, André
Leonel e Lequinha. Não podíamos fazer testes naquela situação e fomos felizes
nas escolhas. Em 2007 assumimos sabendo dos riscos e só o fizemos pelo clamor
da torcida que no último jogo (quando da queda do ex-treinador), gritou pedindo
nosso nome e isso nos tocou e deu vontade de tentar e encarar aquele desafio.
Foi o maior e mais difícil desafio da minha vida (no futebol). Não podíamos
contratar e tivemos de levar como estava. Mesmo assim conseguimos levar o time
a ter esperanças de livrar do rebaixamento e ter esperanças até a última rodada.
Ficamos muito tristes e ficou uma enorme frustração pois demos o máximo pois
foi torcedor que nos pediu para tentar livrar o time.
FI -O
que foi feito de errado no São Bento de 2007?
Abelha – Tem um monte de fatores
que levaram a aquele rebaixamento, mas não vem ao caso falar. A coisa foi mal
planejada, estruturada; a forma de montagem com erros cruciais. Foi ficando
mais difícil com o decorrer do campeonato e levando a ficar irreversível. Não
podemos deixar de ressaltar que tivemos apoio do grupo. Mas não era um time
equilibrado, com peças de reposição à altura. Mas podemos dizer que o
rebaixamento veio dia após dia, depois de inúmeros erros.
FI - Dá pra comparar o São Bento de 2006 ao de
2018?
Abelha – Não. Numa comparação com
hoje, a situação e muito melhor. O time tem uma melhor estrutura, embora não dê
para traçar parâmetros porque são épocas diferentes, modo de atuar diferentes
jogadores de perfil diferente. Hoje temos calendário para o ano inteiro, e na
época só cinco meses, depois tínhamos de dispensar todo mundo. O atual trabalho
é brilhante que começou saindo de uma A3, se mantendo na A1 e subindo várias
divisões do brasileiro e jogando a B hoje. E a diretoria mantendo o treinador
por todo esse período. Isso faz uma grande diferença para se manter uma base.
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Abelha,comentarista |
FI -O São Bento de 2018: qual sua avaliação ?
Abelha –Temos de dar todo mérito para
a diretoria que está há cinco anos, apesar da mudança mesmas cabeças pensantes,
mesmo rumo, aplaudir e um feito, como estava antes e hoje, com estrutura, um
grande avanço. Repensar bem quando se faz qualquer critica a essa diretoria,
que deu outra cara e roupagem ao São Bento clube, que tinha desconfiança antes
e hoje possui crédito e credibilidade no futebol. Hoje um jogador que é
convidado para vir ao São Bento, ele vê com bons olhos e isso era impensável há
tempos atrás, inclusive essa ascenção meteórica regional e nacional. Destaque-se a forma altamente profissional que
o clube é gerido, mais com a razão que com o coração, sem exageros, um grupo
centrado. O torcedor não pode esquecer o que esse grupo fez e vai fazer.
FI - Qual a sua visão do
trabalho de Paulo Roberto, há cinco anos no clube
Abelha – O Paulo Roberto tem seu valor e mérito e conquistou toda a
confiança junto ao grupo que gerencia o clube. Não é comum no futebol
brasileiro essa longevidade e isso se deve à confiança entre treinador e
diretoria e vice-versa. Podemos dizer que hoje o Paulo (Roberto), não troca o
São Bento por uma situação duvidosa. Ele sabe o tipo de pessoas que ele lida no
clube, a liberdade de trabalho, na escolha do elenco e dá confiança para ele.
Ele fez jus a isso e participa de tudo, pois está desde a série A2, A1,
acessos, Series C, D. Um treinador que a torcida tem que dar todo valor e
crédito. E já criou uma identidade muito grande com o clube e marcou a história
no clube.
FI - É cedo para o São Bento
pensar em uma acesso para uma Série A?
Abelha - E muito cedo. O clube tem
que cravar seu nome na Série B e com dois três anos. Não pode ficar alimentando
isso. É um sonho um pouco distante. Primeiro passo e se efetivar na Serie B para ter estrutura e efetivação da marca na divisão.
Se preocupar e melhorar sua estrutura porque as exigências vão aumentando e por
isso é preciso ter pés no chão. A Série B pela duração é complicado. Não vimos
nenhum time muito superior ao São Bento
até agora na B em quase dez rodadas. Depois de se estruturar deve se pensar num
passo maior se fortalecendo ano a no dentro e fora de campo. E pensar em ficar
na Série A1 do Paulista.
FI - Qual sua avaliação do
treinador Rogério Ceni?
Abelha - Ele não fez a melhor opção
quando escolheu como primeiro time para comandar, o São Paulo. Ele precisava
de um pouco mais de experiência na
função. Eu passei por isso e é diferente quando você joga e quando você comanda
e tem que passar por algumas etapas. Inicio pesado para ele. A equipe do São
Paulo não ajudou ele na sua estreia. O São Paulo tinha muito mais a dar para
ele que para o São Paulo pela qualidade da equipe. Hoje numa equipe mais
simples, divisão inferior para começar a consolidar uma função, uma trajetória melhor,
para uma carreira mais marcante, efetiva, com mais experiência e isso com o
tempo e mais tarde possa dirigir uma grande equipe, que pode ser o São Paulo,
onde há uma grande afinidade entre ambos.
FI - Qual sua avaliação para
São Bento e Fortaleza
Abelha - Em uma semana o São Bento
vai enfrentar dois opostos. Jogou no meio de semana com lanterna (Boa Esporte,
2 a 2), e agora sábado encara o líder. Um Fortaleza que vi alguns jogos, um
time muito perigoso, um contra-golpe rápido, joga em alta velocidade, bem
posicionado na defesa com saída rápida. Será um jogo duro para o São Bento, que
tem que fazer valer o fator casa, se impor e propor o jogo, para o Fortaleza
sinta essa dificuldade de estar jogando na casa do adversário.
FI - No que essa sua volta ao futebol
(como comentarista), te ajudou a superar aquele problema que abalou sua família?
Quer voltar ao meio?
Abelha - Tenho me adaptado e gostado
de atuar como comentarista. Desde aquela tragédia que abalou minha família tive
de optar por uma situação e ficar mais perto das minhas filhas e foi uma decisão
difícil e mais correta. E Como comentarista tenho exercitado o lado meu dos
meus anos de futebol, com uma análise de treinador que está à beira do gramado.
Queria agradecer a acolhida na emissora (Radio Ipanema), onde sou bem tratado,
desde o porteiro ao dono da empresa, Kiko Pagliato, pelos companheiros de equipe,
pela liberdade, ambiente e interação. Sobre minha volta ao futebol, não sei quando
vai ocorrer. Gostaria que ocorresse como foi no Figueirense nas categorias de
base como coordenador técnico, onde aprendi bastante, vendo o muleque surgir
despontar e depois se destacando lá na frente.